Em junho de 2023, S?nia Maria de Jesus, que vivia em condi??o an?loga ? escravid?o e sofria viol?ncias, foi resgatada em uma opera??o realizada na casa de um desembargador de Florian?polis (SC). Mulher negra, analfabeta e com profunda defici?ncia auditiva, S?nia viveu 40 anos a servi?o da fam?lia desse desembargador. No entanto, meses ap?s ter sido resgatada, uma decis?o judicial possibilitou que S?nia regressasse ? casa dos investigados, o que gerou diversos protestos e mobiliza??es pelo Brasil.
Para protestar contra essa autoriza??o judicial que permitiu que Sonia Maria voltasse a viver com a fam?lia que a escravizou, a Parada do Orgulho da Pessoa com Defici?ncia (PCD) adotou o tema S?nia Livre para sua segunda edi??o, que ? realizada neste s?bado?(21) na Pra?a Roosevelt, na capital paulista.
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?A gente fala de n?mero, de dados e de opress?es que a gente sofre, mas este ? o primeiro caso de retorno de uma pessoa que havia sido libertada de uma escravid?o. A S?nia ? uma mulher negra, que tem uma defici?ncia e foi escravizada por uma fam?lia de um desembargador, sendo submetida a situa??es an?logas ??escravid?o. Ela foi liberada dessa condi??o mas, por ele ser um desembargador e ela ser uma mulher com defici?ncia surda e que tamb?m n?o tem a plenitude de entender onde est?, ela acabou voltando para esse lar?, explicou Julia Moraes Piccolomini, presidenta da Parada do Orgulho PCD.
Para Julia, a hist?ria de S?nia demonstra a opress?o e viol?ncia que podem ser praticadas contra pessoas com defici?ncia. ?N?o deram para a Sonia Maria o suporte necess?rio para ela estar em equidade, para ela entender pelo que ela estava passando. Ela foi escravizada por ser uma mulher negra e ela voltou a ser escravizada por ser uma mulher com defici?ncia?, disse a presidenta da Parada, em entrevista ? Ag?ncia Brasil. ?A viol?ncia contra a S?nia Maria ? extrema e ? por isso que a gente est? colocando ela como prioridade, trazendo essa hist?ria como nosso primeiro tema de parada para fazer um alerta, para falar que n?o ? poss?vel que em 2024 a gente esteja vivendo um caso de escravid?o como esse?, destacou.
Parada
Durante todo o dia de hoje, a Parada do Orgulho PCD vai promover uma programa??o especial para celebrar a diversidade e a inclus?o e alertar a sociedade sobre os direitos da pessoa com defici?ncia e a acessibilidade. Al?m de discursos e uma homenagem especial para Sonia Maria, o evento promover? shows, apresenta??es culturais e at? um desfile de moda inclusiva.
?As pessoas est?o vindo de S?o Paulo, do interior, de outras cidades e de outros estados para poder expressar nessa parada que h? uma demanda reprimida em todo o territ?rio nacional das pessoas com defici?ncia. Temos cerceadas nossas experi?ncias de participa??o na cidade em que vivemos, de circularmos pelos espa?os, de nos relacionarmos com pessoas e de desenvolvermos nossas habilidades e pot?ncias?, disse o fil?sofo, fundador do Coletivo de Pessoas Negras com Defici?ncia e vice-presidente da Parada, Marcelo Zig.
?? uma manifesta??o das pessoas com defici?ncia que est?o cansadas de ainda existir uma cultura que continua nos excluindo, seja em solu??es f?sicas e estruturais da nossa sociedade, seja em quest?es sociais ou culturais, que continua nos colocando neste lugar de incapazes ou de que merecemos caridade. A Parada do Orgulho PCD vem para falar que nossos corpos n?o s?o inferiores, eles s?o diferentes?, completou Julia.
A parada tamb?m lembra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Defici?ncia. ?O dia do Orgulho PCD ? um momento de reflex?o e de pondera??o, onde as pessoas podem levantar a bandeira e defender a bandeira dos direitos da pessoa com defici?ncia?, explicou Marcos da Costa, secret?rio estadual dos Direitos da Pessoa com Defici?ncia. ?Eventos como esse, que est?o acontecendo no Brasil inteiro, permitem que as pessoas com defici?ncia se re?nam, celebrem a data e possam divulgar cada vez mais o respeito e a import?ncia da pessoa com defici?ncia?.
?Hoje ? o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Defici?ncia. Fizemos quest?o de fazer a Parada nesse dia para poder trazer uma maior repercuss?o para essa data no pa?s”, conta Zig..Para o vice-presidente da Parada, apesar de a data? existir, ela ainda se apresenta de maneira muito t?mida e dentro de uma perspectiva muito assistencialista.
“Estamos hoje ocupando a cidade de S?o Paulo fazendo uma parada protagonizada quase que essencialmente por pessoas com defici?ncia. No palco teremos um desfile de potencialidades e de belezas art?sticas, mostrando para a sociedade que n?s somos muito mais do que nossas defici?ncias?, acrescentou Zig.